Hoje a recomendação da Prefeitura é que, por questão de segurança, os moradores ainda não utilizem a praça, somente após o fim da pandemia.
Os moradores da região receberam mais uma obra executada pela Prefeitura Municipal de Curitiba, agora na área de esporte e lazer.
A novidade do bairro Tatuquara é uma praça localizada ao lado do futuro terminal, Rua da Cidadania e UPA Tataquara, na esquina das ruas Presidente João Goulart e Jornalista Emílio Zola Florenzano, que recebeu toda a infraestrutura com:
- alambrados de cinco metros de altura protegendo as quadras de futebol, vôlei, basquete e parquinho.
- A iluminação também foi pensada para permitir a utilização dos espaços durante a noite
A inauguração da praça Vovô Vitorino aconteceu no dia 23 de julho e contou com a participação do prefeito Rafael Greca, do vice-prefeito Eduardo Pimentel, do secretário municipal de Obras Públicas, Rodrigo Rodrigues, do administrador da Regional Tatuquara, Marcelo Ferraz, de vereadores e das filhas do homenageado, Livercina e Maria Júlia Xavier.
“Esse ato singelo é homenagem a Vitorino Xavier. Pé-vermelho do distrito de Congonhas, Norte do Paraná, foi pioneiro do Jardim da Ordem e do Tatuquara. Foi um companheiro do seu povo no trabalho social. Trabalhou tanto por seu povo que ficou conhecido como Vovô Vitorino”, disse Greca.
Para uma das filhas de Vitorino Xavier, Livercina, a nova praça simboliza a esperança. Ela contou que não conheceu pessoa mais esperançosa que seu pai.
“Neste momento em que precisamos tanto ter esperança em dias melhores, o prefeito entrega essa praça que carrega o nome do meu pai, um homem que tinha a esperança como sua maior virtude. Não acredito em acaso. E, assim como o prefeito Rafael Greca, meu pai deixou um legado de amor por Curitiba, cidade que ele também ajudou a construir”
disse Livercina Xavier.
Para a outra filha de Vitorino Xavier, Maria Julia Xavier:
“Esta homenagem é um orgulho. Ter uma praça em seu nome fará com que seja lembrado pela eternidade como uma pessoa simples, mas que tinha um coração enorme, que amava crianças e era solidário com todos. Este é um reconhecimento público de alguém que lutava por dias melhores. A praça terá a história do meu pai junto com a do Tatuquara contada em seus muros. Agradecemos ao Prefeito Rafael Greca pela homenagem justa e merecedora”.
O grande legado de Vitorino Xavier
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O senhor Vitorino Xavier nasceu em Congonhas, Paraná, em 1931.
Casado e pai de nove filhos, foi vereador em Ivaiporã, obtendo muitas conquistas junto aos trabalhadores rurais, aos quais muitas vezes facilitou acesso a saúde, exames e transporte para o tratamento das pessoas.
Chegou na cidade de Curitiba em 1983, vindo do interior a fim de escapar de uma crise financeira junto com sua família, buscando uma oportunidade de emprego para os filhos e principalmente a continuidade aos estudos dos mesmos, o que Vitorino sempre considerou prioridade.
No entanto, suas atividades e seus ideais ficaram ofuscados diante de uma cultura totalmente diferente, de cidade grande, onde sofria calado uma profunda tristeza, porém não comentava, pois, os sonhos dos filhos eram prioritários e estes estavam sendo realizados, todos estudando, trabalhando, como havia almejado.
Com o passar do tempo começou a discutir com os moradores vizinhos a respeito dos problemas do bairro, enfatizando que eles só seriam resolvidos com a organização de todos, participando ativamente na Associação de Moradores da Vila Vitória, no Pinheirinho.
Em 1990, através do programa de recolocação da Prefeitura Municipal de Curitiba e COHAB-CT de uma área de ocupação no Sítio Cercado para o bairro Tatuquara, foi construir a casa da filha, na Vila Pompeia, que não contava com nenhuma infraestrutura.
Para se ter uma ideia, nesta época os primeiros moradores ainda recebiam água através de caminhão pipa.
Percebendo as dificuldades das crianças do bairro, ele iniciou um trabalho despretensioso, contando histórias para as crianças e principalmente oferecendo alimentação, pois naquele tempo não havia creche e os pais iam trabalhar, deixando os filhos maiores cuidando dos menores.
Desta forma, estas crianças acabaram achando no vô Batuta uma alternativa para se alimentar.
Em 07 de outubro de 1992, como nos outros dias, Vitorino preparou o almoço, conversou com suas crianças, comprou coisas para o aniversário de seu neto, visitou os filhos e ao retornar, sofreu um acidente trágico e fatal.
De um dia para o outro, outra realidade estava posta.
Aquelas crianças não tinham mais “hora do almoço” daquele Vô Batuta, conforme era chamado pelos netos e pelas crianças da comunidade.
Inicialmente a família não teve forças para enfrentar aquelas crianças e contar o que havia acontecido.
No entanto, sua filha tinha que visitar sua casa e as crianças sempre estavam no local, para ver se tinha alguma novidade ou até mesmo algo para comer.
Em janeiro de 1993, a filha de Vitorino formou-se em Serviço Social pela PUC – PR e convidou suas outras irmãs a dar continuidade ao trabalho iniciado pelo seu pai, visto que sua irmã mais nova também estava cursando Serviço Social, e juntas poderiam oferecer um pouco daquilo que seu pai vinha realizando, aliado ao conhecimento obtido na universidade.
“Me senti na responsabilidade de continuar esse trabalho, mas não poderia ser informal, pois dependíamos de ajuda para manter tudo”
explicou Maria Julia Xavier.
Não conheciam as famílias das crianças como seu pai, então decidiram convidá-las através de serviços de alto-falante a participarem de uma reunião, onde apresentariam uma proposta de trabalho, no intuito de dar continuidade ao que seu pai havia iniciado.
Compareceram aproximadamente cinquenta famílias, e assim surgiu a Associação de Proteção à Infância Vovô Vitorino – O Vô Batuta, no ano de 1994.
“A partir daí fomos buscar parceiras para melhorar a estrutura da casa e também para as crianças. Claro que no início tivemos muitas dificuldades, por desconhecimento de um trabalho novo e um desafio de proteger aquelas crianças, mas graças a Deus logo encontramos pessoas solidárias, empresas do entorno que nos ajudaram muito e até hoje são nossos parceiros”, comenta Maria Julia.
Inicialmente, a entidade atendia crianças de quatro meses a cinco anos e onze meses, situação de risco e vulnerabilidade.
Com o passar dos anos, os projetos foram aumentando, englobando desde a educação infantil, fortalecimento de vínculos, preparação para o mercado de trabalho, educação ambiental, esportes, projetos culturais e formação humana, projetos voltados às mulheres e até à terceira idade.
Na opinião de Maria Julia, o maior legado de seu pai foi o amor ao próximo, a honestidade e a determinação.
Hoje a Associação Vovô Vitorino trabalha com educação infantil, tem dois grupos de fortalecimento de vínculos com crianças de 7 a 12 anos no contra turno escolar. Existem projetos que estimulam a leitura, projeto boneco guardião, solidariedade, confecção de brinquedos de sucata, comedouro solidário para animais abandonados e guardiões do trânsito. Outros projetos voltados aos jovens também são desenvolvidos. Mais informações pelo site da instituição: www.vovovitorino.org.br
A média de atendimentos diários diretos da Associação é de 1200 pessoas, indiretamente são 1500 pessoas. Com a pandemia, estão oferecendo oficinas remotas e continuam atendendo as famílias com alimentos e kits de higiene.