Acredite, muita gente esconde o medo de se contaminar e não se cuida como gostaria (e como deveria). A pandemia de Coronavírus no Brasil acaba de completar 1 ano em março.
A guiar-se pelos números, estamos no momento mais grave dentre todo o período. A doença ceifa vidas, cansa e desgasta a esperança dos vivos de forma ainda inimaginável.
De quebra, não estamos lidando bem com o cenário nas esferas pública e nem na privada. Mas o que vem a ser a esfera privada da luta contra o vírus? O campo privado é o individual, meu e seu.
Desde o princípio, a instrução mais básica é a do uso de máscara e evitar situações de aglomeração.
É curioso: para muita gente que não tomava cuidado algum, para outros que foram cansando e relaxando medidas e para os que sentem que precisam cuidar-se ainda mais, todos experimentam, em certas situações, algum tipo de vergonha.
De que é feita essa vergonha?
Para a Psicologia, ela não é diferente do drama sempre presente para quase todos nós, a insistente pergunta;
“O que vão pensar de mim…?”.
As respostas imaginadas para ela se manifestam de maneiras diferentes: “vão me achar exagerado(a)”, “ficarão ofendidos”, “vão achar que estou contaminado(a)” e uma série de outras.
Claro, há eventualmente outro fator em jogo, uma espécie de paralisia diante de situação tão inédita na vida de todos nós e que invariavelmente acaba causando descaso involuntário e hesitação, mesmo para as atitudes mais simples.
Isso, somado com a esperança – que esconde muito mais um desejo do que uma realidade – de que sintomas mais pesados ou uma internação “não acontecerão comigo” são a mistura perfeita para que a situação continue a bater cada vez mais à porta de forma impiedosa.
Convites de colegas e amigos para visitas – onde não se usará máscara – também entram nessa categoria da vergonha.
Há um número considerável de pessoas que não desejam ir, não se sentem confortáveis para isso, mas acabam comparecendo pela vergonha de dizer o que pensam e sentem.
“Estou preocupado(a), vou me cuidar, pois assim minimizo as chances de me contaminar antes de ter a oportunidade de me vacinar.”
Ouvi outro dia uma dica prática e simples para os envergonhados: coloque a máscara em casa, antes de sair na rua, pois assim, quando você encontrar alguém por acaso, não vai se sentir incomodado(a) de colocá-la diante da outra pessoa.
Em tempo: para os casos onde a ansiedade pelo medo forem aumentando, uma sugestão é fazer elevar também os cuidados na mesma proporção da preocupação.
Assim, poderá aliviar um pouco as angústias por sentir estar fazendo a coisa certa, além de obviamente reduzir de fato as chances de complicações.
Cuidem-se! Para essa doença já temos vacina, esforcemo-nos para resistir até a sua chega.