Outro dia presenciei uma cena curiosa em um churrasco de fim de semana.
Na roda dos que bebiam cerveja alguém começou a descrever sua experiência já nos primeiros goles. Nem bem ele começou a dizer sobre o sabor que sentia e foi logo interrompido por outro do grupo: “Isso não é pra falar, é pra beber”.
Após as gargalhadas da maioria, aquele que desejava falar entendeu o recado e se calou.
A cena chamou atenção porque, em parte, eu me interessava por saber o que aquele homem tinha a dizer.
Na verdade, é essencial que se tenha algo a dizer sobre aquilo que se consome.
O indivíduo que interrompeu o colega é o exemplo mais comum de quem corre risco de estabelecer um vício perigoso: em situações como essa, seu maior objetivo, quem sabe o único, é embriagar-se, e todo resto fica em segundo plano.
Ele faz da bebida seu prazer máximo sem se interrogar sobre nada, dos por quês, de como e de quanto. A falta de intermediação entre a substância e o indivíduo que a consome representa o protótipo de uma relação de dependência.
Mas que intermediação é essa?
Aquele que foi interrompido, fiquei a saber depois, queria dizer do sabor de sua cerveja nos diferentes recipientes.
Lhe interessava comentar que iria ingerir apenas mais duas e assim aproveitaria o máximo da noite: estaria com o apetite aberto, apreciaria os sabores dos alimentos sem sentir estufado, se animaria com a conversa da roda e se lembraria de tudo no dia seguinte.
É claro que, assim como os demais, ele também estava ali para desfrutar o efeito de algum grau alcoólico, mas sobretudo um álcool diluído entre outros interesses que se complementam.
Indivíduos que ingerem bebida alcoólica tem histórias, razões e predileções pessoais para o início e a continuidade de seus consumos.
Muitos bebem por tradição e em momentos especiais, alguns preferem determinada marca, outros só as ingerem nos encontros com amigos e há aqueles que se interessam por saber detalhes da fabricação do produto, e por aí vai.
Mapear elementos que circundam a experiência da ingestão de álcool e dar devido destaque ao valorizá-los permitirá certa proteção contra o excesso e a bebedeira indistinta.
Essa intermediação protetiva impede que a substância esteja muito próxima do indivíduo e que ele se entregue a uma necessidade onde o risco passa sempre pela confusão sobre se é o indivíduo que consome a substância ou é ela quem o consome.
Em suma, sobre a intermediação, convém descobrir e destacar um bom e verdadeiro motivo para o consumo, não com a motivação para beber em maior quantidade, mas sobretudo para consumir com qualidade e sentido para além da embriaguez.
Interrogue-se hoje sobre seu consumo para que ele se torne, a cada vez, o mais consciente possível.
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