Os números da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicados em 2017, mostram que há 124 milhões de crianças e adolescentes obesos em todo o mundo.
No Brasil, os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avaliam que uma em cada grupo de três crianças, com idade entre cinco e nove anos, está acima do peso e as notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), em 2019, revelam que 16,33% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave.
Em Curitiba, porém, temos uma realidade diferente, de acordo com o relatório do SISVAN Escolar do município de Curitiba, as taxas de obesidade no período 2013-2017 estão estáveis.
A nutricionista responsável pelo setor de alimentação escolar de Curitiba, Maria Rosi Marques Galvão, fala sobre as políticas públicas implementadas pela prefeitura de Curitiba e que estabilizaram o número de crianças obesas no município, demonstrando, assim, a importância do nutricionista na criação das políticas públicas referentes à Segurança Alimentar e Nutricional.
De acordo com Maria Rosi, em 2014 houve uma queda na taxa de obesidade, algo que não acontecia desde 2003.
“Esta queda, de 0,7 pontos percentuais, quebrou uma tendência de aumento em 10 anos consecutivos. Em 2015 a taxa de obesidade retornou para 15,66%, um aumento de 0,9 pontos percentuais relativamente a 2014. As taxas de obesidade nos anos seguintes estão muito próximas desse pico de 2014, mas mantêm uma tendência de leve queda no período de 2015 a 2017, embora sem significância estatística”.
As políticas públicas de Alimentação Escolar podem estar relacionadas à estabilização dos números. Um exemplo é o Programa de Reeducação Alimentar e Nutrição Adequada – PRANA, oferecido por instituições de ensino parceiras, em que os estudantes de Nutrição, sob supervisão dos nutricionistas professores e técnicos das secretarias municipais de Educação e de Saúde, realizam atendimentos aos estudantes com obesidade.
São feitas atividades lúdicas, envolvendo as famílias, que tiveram impacto significativo sobre as escolhas alimentares e a saúde dos participantes.
Maria Rosi explica que as secretarias de Educação e Saúde atuam desde 1996 no monitoramento anual do estado nutricional dos alunos atendidos na Rede Municipal de Ensino.
“Para a coleta desses dados, os professores de Educação Física recebem uma capacitação anual para aprimoramento da técnica. Em 2019 foi possível monitorar 86.499 alunos da Rede Municipal de Ensino.
Esse estudo possibilita nortear ações de educação nutricional e planejamento de cardápio, de acordo com a realidade da clientela”.
Outros programas também são desenvolvidos, com o objetivo de estabilizar ou diminuir o número de crianças obesas em Curitiba, como a Horta nas Escolas, capacitação de professores, material pedagógico e outros, incluindo o Programa Mama Nenê, que incentiva o aleitamento materno, capacitando os profissionais que atuam em berçários nos Centro Municipal Educação Infantil (CMEI) para orientar as mães e acolher nos Cantinhos da Amamentação, local adequado, com oferta de água e utensílios.