Quando e quanto carregamos os outros em nós?
Em geral, a resposta é simples: carregamos desde e principalmente no início da vida e costuma ser em grande volume.
Isso funciona assim pois passamos a existir a partir dos outros. Somos únicos, mas nossa originalidade é fruto de infinitos processos de cópia e cola.
Nos construímos como colcha de retalhos, tomando pedaços de todas as pessoas que passaram e continuam a passar por nós, numa fabricação que nunca termina de fato.
![Os outros em mim: Descubra como nos construímos socialmente](https://portalcaderno.com.br/wp-content/uploads/2024/04/os-outros-em-nos-2.jpg)
Desde os pais que nos deram um nome e ensinaram um idioma, dos quais também tomamos talvez o jeito de andar, de professores que nos marcaram, tios, tias, primos, avôs, avós, amigos, colegas, inimigos e até mesmo os ídolos da TV, todos têm sua importância em nosso processo de tornarmos nós mesmos.
Um exemplo disso é pensar que alguém que vivesse sozinho numa ilha sem nunca ter conhecido outro ser humano (e que de alguma forma conseguisse sobreviver sem ajuda) não seria nem alto nem baixo, tampouco legal, chato, rico ou pobre.
![Os outros em mim: Descubra como nos construímos socialmente](https://portalcaderno.com.br/wp-content/uploads/2024/04/os-outros-em-nos-3.jpg)
Essas categorias e a maior parte das que nos definem só existem porque realizamos comparações com outros seres humanos. Sem ter com quem comparar não haveria nenhuma distinção a ser destacada, não existiria categoria de adjetivação e nenhum senso de valor pessoal.
Em suma, somos seres sociais desde o primeiro minuto de vida. Imaginar como vão receber nossas atitudes é algo que fazemos muito na primeira infância: “mamãe vai me amar mais se eu comer toda a comida do prato”; ou “a professora vai me elogiar e eu vou ser destaque da turma se estudar muito e tirar uma nota boa”.
Em ambos os exemplos trata-se de uma criança em desenvolvimento e o resultado que agradaria aos outros também beneficia a ela. Essas são cenas típicas desse processo natural.
Ao longo do amadurecimento ocorre uma liberação gradual: somos convidados a pensar e agir a nosso modo, mas não é um presente dado pelos outros, é uma conquista penosa, uma defesa de nosso próprio jeito de ser e fazer.
Ocorre que muitos continuam a pensar todas as suas ações a partir da opinião alheia.
Essa dinâmica, que está ligada a um grande número de sofrimentos mentais, nem sempre é fácil de perceber – acostumados a olhar a vida através do que o outro poderia pensar vive-se um conflito eterno entre agradar e ser aceito ou desbravar as opções do mundo sem o referencial seguro de quem eu sou ou para onde devo ir.
Ocupar esse espaço é possível, basta que comecemos a observar quando e quanto ainda carregamos os outros em nós.
O que você faria por você hoje?
Leia também outras matérias sobre comportamento e psicopedagogia do colunista Lucas Grabarski
- Ponte danificada pela chuva no Xaxim já está sendo reconstruída
- Novo itinerário da Linha Érico Veríssimo/Pantanal beneficia moradores
- Paróquias Sagrado Coração de Jesus e Santa Rita de Cássia receberão novos Párocos
- Pavimentação concluída em mais ruas da região
- Time do Tatuquara campeão do Brasileirão Kids de escolas de futebol