Por que? Mas por que? Por que isso? Por que aquilo?
Não é difícil perceber, a fase dos “porquês” chega quase sempre da mesma forma.
Pode surgir, com grande margem de variação, aos 3 e durar até os 6 anos de idade.
Ela é um dos efeitos do desenvolvimento cognitivo que marca a lenta e progressiva passagem de um funcionamento cuja imaginação fantasiada fornece as respostas necessárias dos primeiros anos de vida, para a entrada no mundo da realidade compartilhada.
As perguntas dirigidas aos adultos são apenas uma parte desse processo, elas se devem a uma curiosidade das coisas do mundo, que surgem todas acumuladas para um cérebro que amadurece rápido e que, de uma forma ou de outra, encontrará respostas.
É evidente que essa passagem não é feita sem auxílio.
Uma cena comum do cotidiano dos pais; a criança já está no sétimo ou oitavo questionamento (às vezes sobre um mesmo tema) e o adulto, incomodado e com pouca disposição, diz “agora não posso” ou “já lhe respondi isso mil vezes”.
Para esses casos, retomo a importância de uma característica necessária para a experiência de ser pai e mãe: paciência.
É ela que, na melhor das hipóteses, pode nos levar a dar a devida importância as perguntas endereçadas a nós e para que possamos ter disposição para a inesgotável curiosidade infantil.
As melhores dicas para essa fase são simples, mas podem aliviar o peso de um dia de infinitos questionamentos. Divida as respostas com outros adultos, “essa o pai sabe” ou “o vovô entende tudo sobre isso, pergunte a ele”.
Se a criança tiver acesso a livros ou a internet, promova um momento de investigação conjunta ou estimule que ela sozinha se empenhe a procurar para se satisfazer.
Respostas dadas às pressas e de forma simplória podem fazer com que a curiosidade não se satisfaça.
A sugestão mais importante é evitar ao máximo negar a elas as respostas de que precisam.
Por falar em inesgotável, se formos coerentes com nós mesmos, nos daremos conta de que ninguém tem respostas pra tudo.
Com sorte, isso refletirá no desenvolvimento de uma criança com perfil de permanente curiosidade e interesse pelas coisas ao seu redor, qualidades valiosas de um bom aprendente.