Três incêndios na última semana, no mesmo terreno localizado na Vila Lambari, no bairro Campo de Santana, dão indícios de uma iminente invasão de terra.
Segundo informações recebidas pelo Jornal Caderno do Bairro de uma fonte que não quis se identificar, uma grande mobilização de pessoas da Cidade Industrial (CIC), além de outros movimentos, planeja a ocupação da área. Dessa forma, os incêndios servem para limpar o terreno e facilitar a invasão.
O lote em questão não está abandonado, é propriedade particular pertencendo a várias pessoas, inclusive algumas que residem no local, e empresas. Fica aos arredores da Igreja da Comunidade Santo Agostinho, que faz parte da Paróquia Sagrado Coração de Jesus.
Vale lembrar que gerar um incêndio que coloque em risco a vida ou os bens de outra pessoa é crime, sujeito a pena de 3 a 6 anos de reclusão e multa, segundo o artigo 250 do Código Penal.
Os três incêndios, o primeiro no dia 04, o segundo no dia 07 e o terceiro no dia 08 de setembro quase alcançaram as residências que existem no lote, e alguns barracões de empresas. Além disso, chegou bem perto da Igreja, a ponto de atrapalhar o andamento da festa em Honra ao Padroeiro Santo Agostinho que acontecia no dia 08 de setembro.
Antes dos bombeiros chegarem, vizinhos e moradores se arriscaram, respirando fumaça e fuligem, na tentativa de apagar o fogo, usando baldes e mangueiras, mas o mato seco, o calor e o vento faziam com que o incêndio se alastrasse rapidamente.
Uma tragédia só não aconteceu graças à chegada do Corpo de Bombeiros que realizou seu trabalho com maestria e conseguiu controlar as chamas, mesmo com grande dificuldade. Inclusive tiveram que vir ao local nos três incêndios, na mesma semana.
Segundo alguns moradores da Vila com quem conversamos, a fumaça vem causando grande desconforto respiratório nas redondezas.
Uma moradora relata que no segundo dia de incêndio, ocorrido em 07 de setembro, teve que levar sua filha, que ainda é bebê, ao hospital, pois ela tem bronquite asmática.
“Vou usar bombinha e tentar sair com ela, ir na casa de um parente até amenizar a fumaça, ela está atacada”, disse a moradora da Vila Lambari, já no dia 08 de setembro, quando o fogo iniciou novamente.
Além de se tratar de um crime no Código Penal, o Art. 41 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei dos Crimes Ambientais, diz que a pena por provocar incêndio em mata ou floresta é de reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Uma parte do lote é área de APP (Área de Preservação Permanente).
O terreno não é uma área ociosa, são áreas ocupadas, tendo em vista que os proprietários trabalham ou residem ali com suas famílias, alguns há mais de 20 anos. Estes proprietários tem os terrenos registrados no Registro de Imóveis, o que comprova a posse.
Além destes, estão entre os proprietários dos terrenos a Igreja Católica da Comunidade Santo Agostinho, a Igreja Evangélica Congregação Cristã, a Piemonte, a Incorporadora Cantu e a Sanepar.
Outra preocupação é que a invasão desse lote vai atrapalhar o desenvolvimento da região, pois um pedaço do terreno (que consta na mesma matrícula) fará parte das obras da Rodovia PR-423, que ligará o município de Araucária à BR-116, passando pelo bairro Campo de Santana e pela Vila Lambari.
Em maio de 2021 rumores de invasão deste terreno e de outro no bairro Tatuquara se espalharam em grupos de WhatsApp de moradores, causando grande preocupação, mesmo porque foi logo depois da invasão da Britanite, onde 400 famílias ocuparam o local.
O que parece é que o terreno na Vila Lambari já está na mira dos invasores há um tempo. O alarde da mídia e a mobilização dos moradores inibiram a invasão na época.
Além do alerta e da vigília dos moradores, as autoridades precisam fazer a sua parte para impedir que mais uma favela se forme na região, assim como aconteceu no bairro Caximba e na ocupação da Britanite. Trata-se de uma questão social de falta de moradia que é de responsabilidade do Estado.
Junto com essas invasões, a população do bairro tem medo que aumente a violência e o tráfico de drogas se torne uma triste realidade, causando também a desvalorização dos terrenos de toda a região.
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