Me peguei pensando sobre isso depois de assistir ao filme vencedor do óscar de 2022, “Tudo em todo o Lugar ao Mesmo Tempo”.
Nele, acompanhamos a realidade dos membros de uma família de imigrantes nos Estados Unidos.
Apesar disso, logo no início podemos reconhecer uma enorme semelhança com a vida de qualquer um de nós: conflitos familiares com diferentes membros, inadimplências burocráticas, problemas financeiros e dificuldades no trabalho.
A narrativa do início do enredo não justificaria um filme até começarem a surgir as muitas vidas que cada um deles têm em realidades paralelas no chamado multiverso.
A partir disso ele se transforma em uma sátira escancarada, quase mais nada das vidas apresentadas se parece com as nossas, na verdade elas são bastante improváveis: ou muito fantásticas ou muito absurdas e ridículas.
Percebemos logo que todas as variações possíveis surgem sem as dificuldades apresentadas no contexto “original”, e que apenas uma persiste: um conflito entre mãe e filha.
Nesses universos o impasse entre as duas se torna épico, a menor assume o papel de vilã, que tenta destruir todos os universos e somente a mãe poderá impedir.
Não pude pensar em outra hipótese: tudo isso são as fantasias da filha adolescente ao tentar imaginar uma vida diferente para si mesma (e para a mãe que ela aparenta não admirar).
Isso se justificaria pelo anseio de uma realidade diferente da sua, quer por uma vida mais animada e mais importante, ou alguma que não contivesse os conflitos da “vida real”.
A propósito, a obra não traz algo de inédito ou ultramoderno.
A premissa do multiverso (que aparece também nos filmes de heróis) acaba sendo, basicamente, a nossa atividade de criar e desejar realidades diferentes para nossas próprias vidas, um ato que praticamos em nosso íntimo com alguma frequência.
Adiciono que esse fenômeno não é anormal.
Fazemos isso por meio da imaginação o tempo todo na infância, bastante na adolescência e menos na idade adulta.
Mas qual a relação com a distração?
Bem, se quando crianças temos a oportunidade de sonhar muito alto ou viajar na maionese é evidente que como adultos essa prática precisará ser adaptada a fim de não se transformar em devaneio.
No filme, os problemas familiares mais ásperos e a situação legal da permanência deles no país foi resolvido com um pouco de criatividade e um pulo na realidade alternativa da filha.
Fora de Hollywood, devemos lembrar que sonhar é saudável, necessário e potencialmente transformador, mas sonhar demais é distração da vida no presente.
Qual o tamanho dos teus sonhos?
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