Músicos, pintores e escritores de todas as gerações criaram obras-primas na tentativa de descrever o fenômeno do amor. Materno, fraterno, romântico, amistoso, platônico e até amor próprio são alguns tipos.
A definição científica afirma que somos dotados da capacidade de amar e de que são compostos de neurotransmissores atuando em determinadas áreas do cérebro. (uma descrição bem sem graça).
Fora isso, são poucas as afirmações universais que se pode fazer do amor.
Arrisco duas: a de que amar (e ser amado) dá trabalho e que ele escapa à qualquer idealização. Essas afirmações encontram forte incompreensão nos meios digitais atualmente.
A impressão é de que nas redes existe uma insistência de experimentar o amor sem estar exposto ao sofrimento. Mas amar (também) é sofrer, concordarão filósofos e qualquer um que já tenha vivido essa experiência. O sofrimento pode ser sutil como num desentendimento ou avassalador como em um rompimento (por morte ou não).
Costumam estar no pacote sentimentos de insegurança, insatisfação, saudade, incompatibilidade, excesso, falta, dúvida, raiva, culpa, rejeição… Talvez por isso sempre encarei a chamada “dependência emocional” como uma dessas incompreensões que a opinião nas redes fez transformar em diagnóstico psicológico famoso.
O termo enquadra um traço humano básico como uma doença.
Mas como seria ser alguém que não é dependente? Talvez alguém que não derramasse lágrimas ou ficasse muito triste no término de um relacionamento?
Quem sabe alguém que nunca se sentiu carente, ou que não tenha desejado ao menos uma vez encontrar um par ideal para sua vida?
Essas são situações comuns a todos nós e por isso costumo dizer que em diferentes graus somos todos dependentes emocionais, e que não há nada de errado nisso.
A presença de vínculos de afeto (romântico ou familiar) é essencial à vida humana. Já é de domínio comum que a solidão eleva riscos à saúde e que rompimentos de relações promovem o luto tal qual uma perda por morte.
O sofrimento nesses casos faz parte do pacote de vida, pois a espécie humana é essencialmente social.
Observo a internet moldar nossas percepções e reger nossas expectativas a todo momento, desde as imagens forjadas de casais perfeitos para engajar, passando por desabafos sobre problemas de relacionamentos que são comuns, mas que nos causam indignação e nos fazem crer que são o último absurdo da terra.
Minha implicância com esse “diagnóstico” é que pacientes sofrem em duas camadas: uma pela dúvida sobre se são “dependentes” (doentes) e a outra é pelo enfrentamento da dificuldade em si.
Para muitos deles a mera lembrança do que o que estão vivendo é comum e normal lhes dará força suficiente para navegar a maré ruim em que se encontram.
Em tempo: O amor não funcionará como desejamos, ainda assim, amamos e somos amados como podemos, pois amar imperfeito é melhor que ausência de amor.
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