As crianças possuem dificuldades naturais quando o assunto é o tempo, desde seu gerenciamento até sua compreensão. Os pais mais experimentados já o sabem.
Aquela promessa feita aos pequenos de que receberão o que querem “no Natal”, “no seu aniversário” ou “no dia das crianças” é sabidamente uma situação de provável confusão para elas pois mesmo as que têm um pouco mais de idade podem não fazer ideia de quando a promessa será cumprida.
Isso sem falar que o tempo como conceito é naturalmente abstrato a todos os adultos em maior ou menor grau.
Como se o assunto já não fosse delicado, enfrentamos a Covid-19 e a pergunta que acompanha esse assunto assume diversas formas que expressam a mesma indagação central; “até quando?”.
Enquanto a solução final para isso não vêm e parte dos adultos se divide entre negar a importância da situação e não empreender esforços individuais a respeito do enfrentamento, as crianças olham para esse novo cenário e fazem, quase sempre, bom malabarismo com as informações que são repassadas a elas.
A pergunta que vale a pena ser feita é quanto de informação sobre a atual pandemia uma criança que já aprendeu a conversar e a pensar com autonomia é capaz de processar?
À esta pergunta é importante acrescentar um fato e convidar os pais a observá-lo por seus próprios esforços. A fase da infância é por excelência uma etapa de preparação para a maturidade.
É o momento onde ocorre de forma natural as mais significativas e rápidas transformações, tanto no corpo como no cérebro.
Dito isso, resta-nos observar essa facilidade na prática.
Salvo condições delicadas causadas pela pandemia, as crianças parecem lidar com essa dificuldade como uma outra qualquer e para a qual precisam modificar alguns comportamentos.
É claro que parte de seus “sistemas” não estão prontos para compreenderem a gravidade do que ocorre no mundo, mas num sentido restrito elas podem e devem ser informadas e que lhes sejam dadas condições para refletir e compartilhar suas ideias e preocupações a respeito de si mesmas e do mundo.
Estão preparadas para lidar apenas com o que puderem entender e suportar.
Viver no período de um vírus como esse leva a todos os viventes lições amargas que nos ajudarão na preparação do futuro.
Podemos aprender com os pequenos a nos adaptar rapidamente a novas formas de viver, aceitando e levando a sério as mudanças necessárias para o enfrentamento e para desafios ainda maiores e imprevisíveis ou, como adultos, nos apegar a um passado que talvez nem exista mais e fazer postergar a vitória da humanidade.