Crise humanitária mostra como o país ainda carece de uma conscientização maior sobre o assunto
O mundo inteiro ficou em choque com as cenas de desnutrição, fome e miséria registradas em janeiro na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, Região Norte do Brasil.
Completamente desassistidos pelo governo anterior, e com o território devastado pelo garimpo e mineração ilegais, os yanomami (ou também yanomamis ou ianomâmis) enfrentam uma crise humanitária que envergonha o país e qualquer pessoa dotada de sensibilidade.
A crise humanitária expõe crimes contra os povos indígenas, que se intensificaram de uns anos para cá, e que fazem parte da história de formação do Brasil.
Vale lembrar que, segundo várias fontes históricas e geográficas, há números que comprovam como os povos originários foram dizimados depois que os primeiros europeus chegaram a este pedaço do planeta, em 1500.
Quando Pedro Álvares Cabral aportou por aqui, o território já era ocupado por dezenas, centenas de povos originários – chamados de “índios”, atualmente denominados “povos indígenas”.
E há muito tempo: a entrada desses povos nesta área que hoje definimos como Brasil ocorreu pelo menos 12 mil anos antes de Cristo, e o ingresso foi pela Amazônia, conforme apontam estudos do geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber.
De acordo com estimativas, na chegada de Cabral e companhia, eram de 5 milhões a 7 milhões de pessoas, de pelo menos 300 etnias distintas, vivendo de norte a sul, leste a oeste, neste território. No entanto, pouco mais de quinhentos anos depois, e hoje o número de indígenas no Brasil não chega a 1 milhão – é estimado em torno de 800 mil.
Essa drástica diminuição da população originária foi ocasionada pelo modelo econômico e político de colonização, que escravizou e matou povos originários e incutiu na sociedade uma ideologia de discriminação, preconceito, racismo.
Tal ideologia se enraizou tanto que ainda hoje parcela da sociedade brasileira desconhece a nossa raiz indígena, e o modo de vida das dezenas de etnias que resistem.
Pior: outra parcela não esconde apoiar medidas que encurralam as comunidades atuais, como o fim das demarcações de terras e a liberação de práticas predatórias que estão matando os yanomami e outros povos em outras partes do Brasil.
Mas, como solucionar os problemas mais urgentes, e como conscientizar a nação sobre a causa indígena?
Especificamente na crise na Terra Yanomami, já foi montada uma força tarefa pelo governo federal para garantir comida, água e assistência social e em saúde, às pessoas fragilizadas.
Operações de forças de segurança estão eliminando o garimpo e a mineração no local.
Ao mesmo tempo, com a criação do Ministério dos Povos Originários, conduzido pela indígena Sônia Guajajara, esperam-se políticas públicas de enfrentamento dos problemas crônicos nos demais territórios.
Para uma conscientização mais ampla e consistente, o processo é mais demorado e deve envolver mais atores sociais.
Há uma série de instituições governamentais e da sociedade civil dedicadas a informar, tirar dúvidas, difundir a história e os modos de vida dos povos originários, para desconstruir estereótipos e preconceitos.
A escola, a imprensa e as artes ajudam no combate a mentiras, fake news e no despertar de novos olhares.
É preciso ainda que cada um, cada uma de nós esteja disposto, disposta.
Dá para ser otimista e apostar que sim: vamos conhecer, entender e reconhecer os povos e a cultura indígenas como parte de nossa identidade.
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