Pensar na morte provoca aumento de ansiedade?
Para algumas pessoas, talvez. Mas essa tarefa, provavelmente a mais evitada entre os vivos, pode trazer benefícios a quem se dedicar.
Em um filme de 2003 – (Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas), o protagonista Ed Bloom teve a chance, quando jovem, de conhecer as circunstâncias de sua própria morte.
Para uma grande parcela de pessoas, a ideia de destino não é estranha, temos nossa vida previamente escrita, e o desfecho final, embora certo, não conheceremos até chegar a hora.
No filme, o protagonista se envolve em um intenso vai e vem, que vão de curtas e marcantes aventuras a grandes e longas empreitadas no amor e no trabalho.
Poderíamos pensar que ele é um tipo muito diferente por viver uma vida agitada com várias experiências, mas se olharmos com atenção, perceberemos que a quantidade de caminhos ofertados a ele não é muito diferente da nossa.
O filme, embora ficcional, faz um retrato fiel de qualquer trajetória comum; são laços de amor e amizade, aventuras pessoais e atividades profissionais variadas.
A única diferença – o espírito topa-tudo do protagonista – é explicada pelo resultado da revelação de sua morte, dali em diante, ante qualquer hesitação, ele se lembrava do que havia visto e pensava “não é assim que eu morro”, o que o fazia deixar de temer os novos desafios.
Para nós, talvez o mais próximo disso seria pensar seriamente a nossa finitude. É um tema evidentemente difícil. Quando ele aparece em uma conversa surgem as famosas batidas na madeira – gesto que impede o avanço do assunto.
Sobre evitação, Freud afirmou, há mais de 100 anos, que no inconsciente não reconhecemos a ideia de finitude, lá somos como imortais (um exemplo que confirma isso é quando sentimos que certas tragédias não acontecem conosco, somente com os outros).
Ora, se nossa mente é uma mistura de consciente e inconsciente, se em um deles evitamos o assunto e no outro nos sentimos imortais, o resultado é um auto engano terrível, uma tragédia a conta-gotas; vivemos a desperdiçar vida com a falsa impressão de que a teremos à vontade.
Noutro espectro, existem os que até pensam bastante na morte, mas de uma forma apavorada.
O medo constante da morte pode resultar num cuidado e proteção exagerados da vida, ao poupá-la em demasia acabamos por reduzi-la, culminando num risco de temer mais a vida do que a própria morte.
A respeito de ambas as situações, convém lembrar que para as religiões cristãs e para pensadores de todas as épocas e lugares, vida e morte sempre fizeram parte de um mesmo processo e que a morte justifica e dá sentido a vida.
Em suma, é possível encarar a morte de forma positiva, sobretudo se esse movimento for realizado antes de sua chegada.
Em tempo, deixo esse convite a cada um: pensar em nossa finitude como uma forma de enriquecer a experiência de vida, da nossa e da dos que estão ao nosso redor.
- Ponte danificada pela chuva no Xaxim já está sendo reconstruída
- Novo itinerário da Linha Érico Veríssimo/Pantanal beneficia moradores
- Paróquias Sagrado Coração de Jesus e Santa Rita de Cássia receberão novos Párocos
- Pavimentação concluída em mais ruas da região
- Time do Tatuquara campeão do Brasileirão Kids de escolas de futebol