“Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação: ao Pai voltemos, juntos andemos. Eis o tempo de conversão!”
Este é de fato um belo canto que entoamos no tempo da Quaresma.
A Igreja embalada pela oração, jejum e esmola, exercícios que nos levam à uma ascese espiritual, também nos é ofertada, de modo particular, pela igreja no Brasil, a Campanha da Fraternidade, desde 1964.
A Campanha da Fraternidade não substitui o tempo Quaresmal, mas ajuda-nos como igreja a ter um olhar e um agir de filhos e filhas que ao longo do caminho busca a conversão pessoal, comunitária e social.
Fraternidade e Fome é o tema proposto para este ano e como lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer! (Mt 14,16)”.
Conforme o texto base no número 12, este tema é pela terceira vez abordado por este projeto de conversão. A primeira vez em 1975, com o tema “Fraternidade é repartir” e o lema “Repartir o pão”.
A segunda em 1985, com o lema “Pão para quem tem fome”. Ambos refletidos à luz de Congressos Eucarísticos, momentos oportunos de reflexão, meditação sobre o alimento espiritual e fonte inesgotável para a nossa santificação, onde nos alimentamos do Cordeiro Pascal.
O objetivo geral desta campanha da Fraternidade é “sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo”.
É importante lançar um olhar sobre o atual contexto do Brasil, onde mais de 33 milhões de brasileiros passam fome, desemprego, falta de moradia, ou ainda, abaixo da linha da pobreza.
A pergunta que urge é: Como compreender e aceitar essa realidade quando se vive em um país que, como dizia o poeta, “terra onde tudo que se planta dá”, e existem pessoas com fome?
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Vigário – Paróquia Sant’Ana
Um testemunho pessoal é: encontrei em uma grande rede de supermercados tendo como política o “descarte” de produtos alimentícios, do que fazer doações para os pobres famintos.
Como reagir à uma atitude um tanto egoísta, desumana e contraditórias em defesa da qualidade de vida?
E nós, como cristãos e cristãs portamo-nos frente a tantas desigualdades?
Sentimo-nos comprometidos, a partir das exigências evangélicas e éticas no combate à superação da miséria e da fome?
É importante aquilo que o Papa Francisco afirmara nas comemorações dos 75 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO):
“Para a humanidade, a fome não é só uma tragédia, mas também uma vergonha. Em grande parte, é provocada por uma distribuição desigual dos frutos da terra, à qual se acrescentam a falta de investimentos no setor agrícola, as consequências das mudanças climáticas e o aumento dos conflitos em várias regiões do planeta. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Diante desta realidade, não podemos permanecer insensíveis ou paralisados. Somos todos responsáveis.”
Neste sentido, São Tiago nos adverte: “Mostra-me tua fé sem as obras e, eu te mostrarei minha fé pelas obras (Tg 2, 18)”.
Uma das obras de misericórdia corporal é dar pão a quem tem fome. Por isso, nós precisamos nos responsabilizar por tantos irmãos e irmãs que labutam nesta vida por um pedaço de pão, ou ainda, como diz o próprio Cristo, “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Não basta rezar, é preciso se comprometer com os pobres e famintos de hoje!
É mister, por fim, afirmar que o ser humano não só tem fome de pão, mas de justiça, cidadania, de beleza, de sentido e de transcendência, ou seja, tem sede de Deus (Sl 41,3).
O que podemos fazer durante este tempo quaresmal-fraternal?
Convido-lhes a partilhar com os mais necessitados, a jejuar em atitude solidária com os mais miseráveis, a questionar-se sobre seu estilo de vida, colaborar com a Coleta Nacional da Solidariedade no Domingo de Ramos, fazendo sua oferta generosa, abolir o desperdício de alimentos, fazer parte da pastoral social em nossas comunidades eclesiais, conhecer a realidade periférica de seu bairro, cidade e adotar medidas que possam melhorar a vida de alguns que você se permitir ser afetado.
Portanto, que nesta Campanha da Fraternidade sejamos mobilizados a refletir e agir segundo o nosso Mestre e Senhor que passou neste mundo fazendo o bem sem olhar a quem!
Quem tem fome não pode esperar o amanhã!
Que a Virgem Maria e São José rogue a seu amado Filho o pão a que todos têm direito e não deixe que a ganância de alguns arranquem da boca dos seus outros filhos o necessário para terem vida, e vida em abundância.
Pe. Antonio Dias da Costa, crl
Vigário – Paróquia Sant’Ana
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