As famílias diminuíram de tamanho. Há algumas gerações era comum ver casais com 5, 6 ou mais filhos.
A média hoje se concentra em número de dois, às vezes apenas um.
Costumo ouvir de pais, experientes ou não, sobre as dificuldades de se cuidar de uma criança.
Ouço isso, em geral, de adultos que dispõem de boas condições gerais para essa tarefa.
A pergunta que venho me fazendo nos últimos meses de maneira insistente é:
Está mais difícil criar um filho hoje?
Ocorreram várias mudanças sociais recentes que modificaram significativamente a maneira de cuidar de um filho, dentre elas uma presença maior da mulher no mercado de trabalho.
Mas reflito sobre outro aspecto.
Registros históricos nos mostram que no continente europeu, há pouco mais de 300 anos, mal existiam nomes adequados para a fase infantil e as crianças não dispunham de roupas específicas para a idade, vestiam modelos adultos em tamanho reduzido.
Esses são dois exemplos que dão conta de evidenciar a enorme transformação do que se convencionou chamar de fase da infância tal como a conhecemos hoje.
Um grande número de novas modalidades e invenções voltadas para o público infantil são próprias do nosso tempo.
Indústria de brinquedos e moda infantil, especialidades médicas e terapêuticas, conteúdo multimídia específico para TV e internet, creches e pré escolas e um sem número de outros nichos foram criados e se multiplicam como opção para os pais.
Além disso, há a compreensão de que as escolhas dos adultos para a educação de seus filhos tenham um impacto decisivo em seu futuro, na formação pessoal e profissional dos pequenos.
O cansaço e a dificuldade da qual se queixam alguns, se trate talvez do peso da responsabilidade e da insegurança diante de tantas possibilidades.
O que fazer? Como dizer não? Qual escola? Quando? Como?
A era da informação também é própria do nosso tempo e nem por isso as angústias são menores.
Em um mundo que exija que sejamos impecáveis como pais e mães, não há garantia de que conseguiremos.
Isso não nos impede de tentar, afinal de contas eles são merecedores, mas existe o risco da culpa, sempre à espreita.
Diante de tantas possibilidades e desejos, ficamos paralisados na incerteza da escolha, quando se tem muitas opções, a única certeza que temos ao escolher alguma delas é a de que deixamos todas as demais para trás.
Para todos os efeitos, na experiência de educar, sentir culpa não vai nos tornar melhores. Para isso, deixar de buscar o ideal de pais de “comercial de margarina” pode ser útil.
Ser “suficientemente bom” pode ser a nossa melhor saída.
E diante de tantas opções, o essencial continua mais ou menos o mesmo: amor, presença e educação.