Varíola, sarampo, meningite, paralisia infantil, tétano, difteria, febre amarela, gripe… Imunizantes contra essas e outras doenças mais evitam mortes de crianças, adultos e velhinhos
O médico sanitarista Márcio Aurélio Soares, com décadas de experiência em saúde nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, dia destes escreveu:
“não tenho dúvida que a história da humanidade pode ser contada por esses três movimentos revolucionários: a descoberta dos microrganismos, a das vacinas e a dos antibióticos”.
As três fizeram aumentar a sobrevida de nossa espécie, acrescenta o profissional. Temos neste momento uma prova, concreta, de que as palavras do médico fazem total sentido. Afinal, só com a descoberta de um imunizante contra o novo coronavírus, e com a vacinação em massa, é que (em algumas partes do mundo já; no Brasil ainda não) estamos freando o contágio e as mortes por covid-19.
A vacina como salvação, diante de doenças e epidemias outras, é uma descoberta que remonta há mais de mil anos.
No século X, na China já se havia identificado meios de criar substâncias imunizantes – bem precárias, em comparação às de hoje, contudo importantes para a época.
O conceito de vacina surge definitivamente no século XVIII, conforme conta o médico Márcio Aurélio. Do vírus da varíola das vacas se desenvolveu um imunizante para os seres humanos, “originário da vaca” – “vacinne”, em inglês. Isso mesmo: vacina vem da palavra vaca. E a varíola, que matava ou deixava sequelas, pôde, enfim, ser combatida.
A partir de então, gradativamente a ciência foi descobrindo novos imunizantes para as mais variadas doenças. Os métodos de pesquisa, antes condenáveis, foram melhorando, respeitando aspectos éticos e humanitários.
Os avanços se consolidaram no século passado, e a vacinação foi – e tem sido – fundamental para que a expectativa de vida da sociedade tenha aumentado. Em outras palavras: mais pessoas passaram a viver por mais tempo, já que podiam se proteger de doenças que antes matavam.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), antes da descoberta da vacina contra o sarampo, a cada ano 2,6 milhões de pessoas morriam dessa doença. Para se ter uma ideia, é quantidade de pessoas bem maior que a população de Curitiba hoje (que está em torno de 2 milhões de habitantes).
A vacina contra o sarampo foi desenvolvida nos anos 1960. O número de mortes pela doença caiu 80% ao ano, no planeta. A poliomielite, ou paralisia infantil, foi praticamente erradicada do mundo, graças à vacina. Situação bem diferente à de 40 anos atrás.
A descoberta de vacina para coqueluche, tétano, raiva, difteria, hepatite B, caxumba, rubéola e febre amarela também fez despencar a quantidade de casos registrados, e de sequelas ou mortes por causa dessas doenças.
E mesmo a gripe, que quando acomete pessoas mais frágeis pode ser fatal, passou a ser evitada com o desenvolvimento de imunizantes.
A vida de muitas crianças brasileiras foi salva nos anos 1970 graças à vacinação contra meningite meningocócica, depois de um grave surto que chegou a ser escondido pelo governo federal à época (vivíamos na ditadura de 1964 a 1985).
A imunização alcançou os adultos, também. Aliás, o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) foi estruturado naquela ocasião – no esforço para combater a meningite.
Hoje, conta com pelo menos 45 tipos de vacinas oferecidas gratuita e universalmente à população.
Você e sua família, estão com a carteira de vacinação em dia?