A escolha do representante na Câmara dos Deputados deve ser feita com todo cuidado. Em outubro teremos eleições
Quem anda pelas ruas de Curitiba já deve ter se deparado, nas últimas semanas, com cartazes em postes e muros expondo rosto e nome de deputados federais do Paraná que votaram a favor de um projeto de lei que promove um “liberou geral” de agrotóxicos sobre as frutas e verduras que comemos todos os dias. É o chamado “PL do Veneno”.
Não é tema deste texto aqui esmiuçar o projeto. O exemplo é trazido porque ilustra algo que, mais do que nunca, é importante a gente saber bem: o que faz um deputado federal. Afinal, em outubro teremos eleições, e uma de nossas escolhas é para a Câmara dos Deputados.
O tal “PL do Veneno” impacta diretamente nossas vidas. E é isso que um deputado federal faz: criar projetos de leis, ou aprovar ou rejeitar projetos que venham do governo, que por mais distantes que pareçam afetam sim nosso cotidiano.
Os deputados federais estão longe, em Brasília; costumam tratar de temas complexos, sobre os quais pouco sabemos e nem temos condições de dominar, mas o que os parlamentares decidem atinge nosso presente, nosso futuro.
Aliás, por isso mesmo escolhemos nossos representantes: como cada um de nós não pode estar nem participar de todas as discussões lá na capital nacional; como cada um de nós não consegue saber de tudo, votamos em alguém para fazer isso pela gente. Alguém que, inclusive, recebe salário (nada mais justo) para isso.
Ora, sendo assim, mais do que saber o que faz um deputado federal, precisamos conhecer muito bem a pessoa em quem vamos depositar nosso voto – ou seja, nossa confiança.
Você daria um cheque em branco – melhor dizendo, já que nem se usa cheque mais: você daria o seu pix, ou a senha do seu cartão do banco, para alguém de quem você não conhece o passado, não tem ideia das intenções, não sabe com que companhias anda?
Certamente que não.
Votar em um deputado federal é isso: dar um cheque em branco para que, nos quatro anos seguintes, ele (ou ela) decida o que vai ser lei ou não; o que vai ser proibido ou liberado; o que vai ser aprovado ou não.
Portanto, dos candidatos e candidatas que se apresentarem a partir de agosto pedindo nosso voto para a Câmara dos Deputados precisamos, primeiro, saber de seu passado: o que fez, o que deixou de fazer.
Isso vale não só para os veteranos. Vale principalmente para os marinheiros de primeira viagem: o que já fizeram em prol da sociedade para, agora, pedirem para a gente um cheque em branco para nos representar?
Só o passado não é suficiente. Precisamos entender o presente dessa pessoa. E o presente inclui com quem está aliada. Que grupo apoia, que grupo condena.
Não é uma tarefa fácil identificar tudo isso. Afinal, e ainda mais em tempos de bombardeio de fake news, muita informação falsa, mentirosa, complica esse nosso entendimento. Mas é possível – e necessário – verificar passado e presente dos candidatos à Câmara Federal.
Porque esse passado e presente vão sinalizar para gente a favor e contra quem essa pessoa será, quando estiver em Brasília.
Voltemos ao exemplo trazido no comecinho deste texto. O tal do “PL do Veneno” é o projeto de lei 6299/2002. Isso mesmo: é um projeto de 2002. Tramita há 20 anos na Câmara dos Deputados.
Por que só agora, em fevereiro de 2022, é que ele avança, e em “caráter de urgência”?
Porque, das últimas eleições para cá, tem aumentado o número de deputados e deputadas atrelados às multinacionais do agronegócio, a chamada “bancada do boi”.
Ou seja, na hora de votar sim ou não sobre algum projeto, o que vai pesar é: o que melhor atende a quem eu represento? Se eles representam as transnacionais agrícolas e químicas, ou sim ou não vai ser para satisfazer essas corporações.
Então, não é que os deputados não trabalham, não fazem nada…
Sim, tem uma parte que se encosta, não apresenta um projeto sequer, não participa de nenhuma comissão, e mesmo assim consegue se reeleger.
Mas boa parte se empenha, se articula, vira à noite… O problema é: para quem trabalha?
Assim, se você quer na Câmara dos Deputados alguém que vote para que tenhamos:
- salário, jornada de trabalho e aposentadoria dignos;
- para que tenhamos apoio a microempreendedores individuais, às pequenas e médias empresas;
- para que tenhamos um desenvolvimento sustentável;
- para que tenhamos escola, saúde, cultura, esportes…
Não é possível passar o pix – isto é, dar o voto – em qualquer um.
Se não, como no “PL do Veneno”, o desejo a ser atendido será o da minoria, mesmo quando atenta contra nossas vidas.
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