Nas últimas semanas acompanhamos todos a história do resgate da brasileira Juliana Marins, que caiu de uma trilha que fazia até o topo do vulcão Rinjani, na Indonésia.
As imagens dela ainda viva, aguardando por resgate, levaram esperança para a família e também para todos os brasileiros. Infelizmente, ela não resistiu.
O que mais nos chama a atenção foi o guia tê-la deixado para trás sozinha, a demora no resgate, a possível indiferença das autoridades da Indonésia e também a dificuldade do resgate em um ambiente hostil, em que até os socorristas tiveram que arriscar suas próprias vidas para trazer o corpo.
Muito debate aconteceu e ainda está acontecendo em volta deste caso. Algo que nos comove é o fato de que ela estava realizando um sonho.
Confesso que isso me fez refletir: até que ponto devemos seguir com o que idealizamos? Qual o nosso limite? Quando devemos parar?
Muitos podem pensar que se Juliana estivesse em casa, nada disso teria acontecido e ela ainda estaria viva.
Mas quantas pessoas morrem dentro de casa? Na rua, em algum deslocamento? No trabalho?
Existe lugar certo para morrer?
Viver é ter a certeza da morte.
Quando, como, em que circunstâncias, não sabemos, mas que ela virá, não temos dúvida.
Ao mesmo tempo em que devemos enfrentar nossos medos para realizar feitos incríveis, também precisamos escutá-los.
O medo é um dispositivo importante para nos alertar sobre os perigos que alguma coisa, animal, lugar ou outra pessoa representa.
Por isso, vale avaliarmos nosso medo. De forma nenhuma podemos deixar com que o medo nos paralise e nos impeça de realizar nossos sonhos. Porém, precisamos analisar os riscos.
Algumas atividades nitidamente são perigosas, por isso, contam com equipamentos de segurança.
Outras, parecem inofensivas, mas apresentam um risco camuflado.
É difícil julgarmos o que passou pela cabeça de Juliana. Provavelmente, ela acreditou que este seria mais um desafio, que tudo daria certo e que ela voltaria para casa com muita história para contar. Infelizmente o desfecho não foi esse.
Quando era mais jovem, tinha mais coragem e até me arriscava mais. Acredito que muitos são assim. Hoje, no auge dos meus 40 anos e depois do nascimento do meu filho, sei que a vida é frágil e que sou necessária.
Preciso estar aqui, até quando Deus me permitir. Por isso, tomo mais cuidado, avalio melhor os riscos, uso equipamentos de segurança e, na dúvida, não vou, ou não faço.
Penso que desta forma diminuo os riscos, mas também não deixo de enfrentar os desafios e realizar sonhos, afinal, isso também faz com que nos sintamos vivos.
Que a história de Juliana tenha um significado. Ela viveu! Viveu mesmo, de forma intensa! Não desistiu, foi corajosa e também foi feliz. Não imaginava que a ousadia teria essa consequência. Não devemos culpá-la.
Nem deixar de fazer o que sonhamos, porém, com todo este desfecho, tomemos mais cuidado durante a caminhada.
Que a família tenha o conforto e que ela esteja em paz!
Juliana Hemili
Editora do Jornal
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