É uma situação bem conhecida; Em idade escolar é exigida a uma criança fazer a lição de casa primeiro e brincar depois.
A razão é simples, a brincadeira não tem hora para acabar. Começar por ela implica correr o risco de ficar sem tempo para o dever.
Isso por que somos indivíduos orientados naturalmente ao prazer e a evitação da dor, se uma atividade gera mais prazer do que outra ela tenderá a ser buscada mais vezes.
Mas é claro que, como tantas coisas na vida, o caminho do equilíbrio deve ser o melhor dos mundos, o prazer não pode ser nosso único norte.
Ou pode?
Talvez possa, mas parecemos estar cada vez mais longe de conseguir isso.
Proponho que possamos traduzir aqui o prazer como satisfação pessoal, algo que estaria na categoria das coisas necessárias para um certo senso de felicidade. Aquilo que se extrai de diversas atividades cotidianas.
Nesse sentido, viver orientado para a felicidade não parece uma afirmação absurda, mas o que se tem visto é uma espécie de crise dos prazeres e, por consequência, uma impossibilidade para alcançá-lo de forma eficaz e inteligente.
Isso surge de maneiras diferentes; Alguns de nós, talvez os de gerações anteriores, veem a busca pelo prazer como algo errado, feio, nocivo e perigoso. Acostumaram-se a duras penas a se privar de satisfações pessoais pelos mais diversos motivos e seguem nesse ritmo por toda uma vida.
Outros não conseguem ter relações saudáveis com suas opções de prazer – num mundo com grande oferta de atividades de gratificação, a falta de variação dessas fontes leva facilmente a compulsão, ou seja, se entregar a uma única forma de deleite (jogos ou álcool, por exemplo) causa um empobrecimento das experiências de prazer e pode acarretar situações de vícios.
Por último, uma dificuldade que se expandiu nos últimos anos é a incapacidade de extrair valor das atividades de prazer devido à pura e simples falta de atenção, como se estivéssemos sempre com o corpo em um lugar e a cabeça em outro – condição que nos impede explorar plenamente a satisfação contida nas experiências.
No fundo, quer para a criança, quer para os adultos que serão, a brincadeira (ou o prazer) tem a mesma importância fundamental da tarefa escolar, e isso precisa ser compreendido e ensinado desde os primeiros anos.
Experimentar o prazer das coisas da vida é legítimo e dá trabalho, portanto é algo que precisa ser ensinado e aprendido.
Na impossibilidade de uma criança aprender brincando, a próxima vez que uma delas perguntar a razão do por que certas coisas são como são, que a ensinemos a organizar e compreender a necessidade e pertinência do prazer, para que possa senti-lo sem pressa, culpa ou compulsão.
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