Sempre defendi a inclusão, desde os anos iniciais, de conteúdos sobre luto e psicologia nas escolas. Em relação ao último, já existem aulas especiais sobre emoções, sentimentos, comportamentos e etc.
Apesar de não seguirem nas séries seguintes e terem peso menor, considera-se um avanço. Já em relação ao luto (e o fenômeno da morte) acredito que essa inclusão esteja muito longe de acontecer.
Mas qual a justificativa para implementar uma pedagogia da mente na formação escolar?
Pelo simples fato que muitos de nossos sofrimentos giram em torno de incompreensões a respeito do funcionamento mental.
A ideia não seria treinar futuros psicólogos ou psiquiatras, não.
A vantagem de saber sobre nossa operação “normal” é poder gozar da possibilidade de evitar ou atenuar conflitos que podem (e costumam) se agravar e se transformar em incapacitantes fontes de sofrimento.
Um exemplo clássico: o ciúmes é um fenômeno comum na experiência de amor devido a nossa constituição psíquica. É esperado que se manifeste em algum momento da vida em nossas relações sociais e amorosas.
Compreendê-lo e ser capaz de comunicar sobre ele pode ser suficiente para evitar suas expressões mais graves ou rompimentos traumáticos.
Em casos mais específicos eu costumava sugerir que as pessoas fossem mais gentis consigo mesmas em situações difíceis da vida, mas vim a constatar que em razão de sermos pouco letrados nos fundamentos básicos da mente, não somos capazes sequer de compreender e acolher nossas próprias dores.
Outro exemplo é a raiva que sentimos ao perder algum objeto importante. O desconhecimento sobre a natureza e ocorrência “normal” de emoções como essas nos coloca em risco de sofrer duplamente: pelo objeto perdido e por sentir-nos incomodados com a raiva que resulta desse processo.
A tentativa de permanecer sem aquilo que se perdeu e não se permitir sentir raiva por isso é uma operação sem sucesso.
O mesmo ocorre com os enlutados de forma ainda muito comum: aquele que deseja acabar com o choro constante ou a tristeza após a perda de alguém especial encara uma forma de sofrer duas vezes, pelo incômodo de chorar (sem saber que é normal e até necessário) e pela ausência da pessoa que se foi.
É essa a realidade de muitos: o desconhecimento de seu funcionamento básico os levam a crer que aquilo que sentem e experienciam não é normal ou aceitável, o que os leva a travar lutas em vão contra si mesmos.
Muitos pacientes realizam suas primeiras sessões de psicoterapia com a necessidade de serem acolhidos em suas dores e manifestações psíquicas.
Essa acolhida, que precisa ser praticada por eles, só surge depois de entender suas naturezas internas.
Por isso, contento-me quando eles se interessam por vídeos, filmes e livros orientados a dar maior compreensão de suas realidades interiores, assim tenderão a dar saltos de qualidade no tratamento e a viver de maneira mais rica, autônoma e competente.
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