A humanidade vive agora uma situação inédita em muito tempo, um evento que vem atingindo de forma direta e indireta todos nós no Planeta, no caso, uma pandemia de características muito peculiares.
Frente à isso, uma medida que se impôs é a do isolamento social como forma comprovada de prevenção. As famílias que estavam acostumadas a uma rotina de cada um ir às ruas para trabalhar ou estudar, de repente se viram numa situação de uma convivência doméstica como que “forçada”.
Como ficam então essas relações que antes podiam ser diluídas, principalmente os conflitos, na rotina do dia a dia?
Existem vários tipos de núcleos familiares, como bem sabemos hoje em dia, mas algo permanece como dinâmica familiar nessa variedade de formas.
Alguns papéis se estabelecem ainda como: figura materna, figura paterna (não necessariamente pai e mãe, outras figuras podem assumir esses papéis), um elemento que serve como bode expiatório dos conflitos desta, o adolescente e sua tentativa de se desvincular da família, a criança que demanda brincar na rua com os amigos, adultos na batalha pelo pão de cada dia, etc…
Com a convivência forçada e quase que ininterrupta, esses papéis ficam muito mais evidentes e podem ser mais intensos nas suas características. Na minha atuação na psicologia, uma estratégia que sempre adotei com êxito, foi a de regulares reuniões familiares para conversar sobre esses conflitos e características próprias de cada membro da família, como citei acima.
Entretanto, precisa haver um pré-combinado entre todos, como: não levantar a voz e se exaltar em nenhum momento, não procurar culpados ou um só culpado, deixar claro as responsabilidades e liberdades de cada um e seus limites, procurar encontrar uma meta comum para a família para seu futuro e sua manutenção, levando em conta que, em algum momento, essa crise deverá passar.
Caso a família não consiga estabelecer a contento essa dinâmica, com seus próprios recursos emocionais, recomenda-se recorrer a um profissional da saúde mental para mediar esse recurso.