Aprender é um fenômeno essencialmente humano. O palco das aprendizagens de uma criança é divido entre a casa (família) e a escola.
Ainda que sejam aprendizagens com funções diferentes, ambas visam a boa formação de um sujeito.
É importante que nessa relação elas possam funcionar dentro de seus limites e que sejam parceiras.
Para isso funcionar é preciso que as duas possam compreender o mais essencial:
Todos os envolvidos desejam o melhor para seus filhos e alunos.
Nem pensar em colocar a escola como inimiga.
Mas como nem sempre é fácil atingir um ideal, alguns problemas podem surgir e se tornar maiores do que deveriam.
No caso de alunos que enfrentam dificuldades pedagógicas ou comportamentais, a dinâmica da relação fica mais complicada.
Não há receita para a boa relação.
Além da advertência sobre ambos os lados possuírem boas intenções diante da criança, advirto sobre a dimensão da proximidade.
Uma sugestão prudente seria procurar a justa medida entre ausência e presença.
Tomo aqui duas categorias distintas, os pais ausentes demais e os pais presentes demais.
Os pais ausentes demais (ou totalmente negligentes) são uma categoria antiga e já conhecida.
Para eles a importância da escolarização na infância não foi levada em conta ou sentem-se incapazes de encarar problemas comuns na escola de forma frontal.
A falta de interesse dos pais pelo dia-a-dia pode ser vista por seus filhos como sinal de abandono afetivo.
A outra categoria mantém o contato com a escola, o que é ótimo.
Mas há que se tomar cuidado com os excessos. O Whatsapp, por exemplo, pode ser usado indevidamente e desgastar uma relação entre família e escola.
Para o caso dos pais presentes demais, em geral com boas intenções, eles são bastante interessados e dedicados no percurso escolar de seus filhos.
Em muitos cenários a presença excessiva em conversas diretas com a professora ou a coordenação via mensagens pode estar associada a um grau de ansiedade por resultados que ultrapassa um nível adequado.
Isto faz com que a professora se sinta sobrecarregada, levando a um efeito defensivo que é prejudicial à relação.
Para os ausentes, uma boa maneira de estabelecer um contato saudável é começar com a própria criança.
Ao final da aula, no caminho de volta ou em casa, pergunte a ele ou ela: como foi a aula?
Me conte uma coisa que você aprendeu hoje!
Não aceite “não sei” como resposta e o mais importante, ouça com autentico interesse e perceba o impacto positivo instantâneo que isso provoca.
Quanto a presença dos pais na escola, o equilíbrio e a moderação, virtudes tão almejadas desde os tempos dos primeiros pensadores gregos ainda são boas fórmulas para o convívio humano saudável.