No dia dos professores, me peguei refletindo sobre os impactos positivos e negativos que esses profissionais tem em nossas vidas.
Nunca esqueci do dia em que eu, tímida e pequena, na pré-escola, ri de uma palhaçada de um colega na sala de aula. A professora interpretou que eu estava fazendo bagunça e por isso me colocou de castigo, em frente à toda a turma, de pé, com o nariz encostado no quadro negro.
Não tenho noção de quanto tempo fiquei ali, mas consigo lembrar nitidamente da vergonha que senti. O coração apertado, o nó na garganta, o choro contido. Naquele dia, aquela professora não sabia que ficaria marcada em minha memória para o resto da vida.
Pode parecer algo sem importância hoje, mas para aquela menininha, foi extremamente dolorido.
Você já passou por algo semelhante na escola?
Pode ser a vaia dos colegas, chamadas para a diretoria, advertências ou até a temida “expulsão”. Sem contar as perseguições que alguns alunos sofreram (vamos fazer de conta que não acontece mais) por parte de algum professor.
Imagine o quanto foi difícil para nossos pais, ou avós, lidar com o ensino de antigamente, de joelhos no milho, com a palmatória, e demais castigos físicos e psicológicos praticados. Hoje qualquer uma dessas situações poderia ser considerada um absurdo.
Há quem diga que é por isso que as crianças obedeciam, que antigamente é que as coisas funcionavam, mas levando em consideração a saúde mental de alguns idosos que conheço, tenho minhas dúvidas. Violentos, autoritários, preconceituosos, sempre cheios de razão.
Pensando nisso, fiquei tentando encontrar motivos para validar o comportamento desses professores, mas não achei. Acredito que o requisito básico que um professor precisa para exercer a profissão é MUITA paciência, essencial para que não se tenha vontade de “estourar” com as crianças, muitas vezes peraltas.
Nesta longa caminhada como aluna, também tive vários professores que foram compreensivos, sensíveis aos problemas das crianças, engajados na educação e que conquistaram lugares especiais em meu coração.
São verdadeiros mestres que inspiram, ajudam e guiam seus alunos em aventuras pelo conhecimento. Eles sabem o tamanho da responsabilidade que tem, carregando nas mãos as futuras gerações de jornalistas, músicos, engenheiros, enfermeiros, empresários, pintores, policiais, filósofos, políticos, dentre tantas outras profissões fundamentais para se construir uma nação.
Eles sabem que o conhecimento salva vidas, gera riquezas e desenvolvimento. Jamais desejam traumatizar uma criança, pois entendem as consequências que isso gera no desenvolvimento emocional.
Usar a inteligência é melhor do que perder a paciência. Ter empatia para compreender os porquês dos comportamentos dos seus alunos é melhor do que julgar e condenar ao vexame, à humilhação pública.
Quando não se tem bons professores, um dos motivos do abandono escolar fica mais claro. A grande quantidade de crianças que odeiam estudar são sinais nítidos de que precisamos falar desse assunto.
Não podemos romantizar: existem péssimos professores, infelizmente.
Acredito em uma educação transformadora, empolgante, cativante. E para isso, precisamos reestruturar o sistema. Só deve ser professor quem realmente tem paixão pelo que faz. Essa é a profissão mais importante de todas, pois são eles que formam todas as demais carreiras.
Então, alguns pontos para refletir: professores precisam ser valorizados, respeitados e muito bem pagos. Precisam ser pacientes, amorosos e empáticos. Precisam amar o que fazem e gostar da companhia das crianças. Precisam estudar muito e fazer reciclagens constantes para que não parem no tempo.
Só assim podemos pensar em uma educação que transforme de fato nossa nação.
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