A memória é uma das funções cerebrais essenciais para o pleno funcionamento da vida.
Ela é responsável pela aquisição e armazenamento de todo tipo de informação acessível a um indivíduo desde seu nascimento (ou mesmo antes dele).
Essa habilidade possui dinâmica própria. Em sua maior parte, não temos muito controle do que ou por quanto tempo algo vai ser fixado ou esquecido.
Para além do grupo de pessoas que são bons de memória e daqueles que são desmemoriados, existem os que não esquecem nunca, seja por não se lembrarem de esquecer ou por acreditarem que aquilo que carregam possa lhes servir para algum uso futuro.
Sobre essa dificuldade (ou recusa) para se esquecer, costumo me perguntar se é uma qualidade ou um defeito. Para isso, considero alguns fatos: por definição, sofrimento psicológico é um fragmento de memória (sobre algo ruim ocorrido no passado) que volta à consciência repetidas vezes e que causa sofrimento continuamente no presente.
A partir disso, parece óbvio concluir que é desejável sermos capazes de nos esquecer do que nos faz mal.
Convém lembrar que, embora o aparato de memória tenha “vida própria”, o estudante que se prepara para uma prova difícil faz de seu esforço uma demonstração de que o ato de lembrar e esquecer também é intencional, ou seja, esquecer constitui uma espécie de dever, e ele faz bem.
Em termos práticos, alguns podem pensar que agarrar-se a memórias ruins garante que elas sejam usadas como lições pessoais que nos ajudam a evitar outros tombos semelhantes no futuro.
Ocorre que esse plano é essencialmente ruim. Ao apostar que algo negativo possa acontecer novamente, carregaremos uma memória que nos é danosa por um tempo incerto, com o acréscimo da constante expectativa pessimista sobre seu próprio futuro.
Esquecer pode permitir que novas ideias sejam criadas em torno de situações já conhecidas e favorece a saudável atualização de formas de pensar sobre questões essenciais a cada um de nós.
De brigas e desavenças, passando por amores ruins ou improváveis e até vícios e situações desagradáveis, de quê você precisa esquecer?
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