O atraso no surgimento da fala nas crianças consiste, para muitos pais, em uma preocupação de primeira ordem.
Listo aqui alguns elementos chave desse processo.
De modo geral, falamos porque nascemos dotados de um aparelho composto que exerce essa função (boca, cordas vocais…).
É evidente que as crianças fazem o uso desses recursos muito cedo, por meio de diferentes estilos de choro, gritos e balbucios.
O uso da fala para fins de comunicação costuma acontecer após o amadurecimento cerebral, e é a variação desse tempo que pode tirar o sono dos pais.
Nesse ponto é preciso notar um fenômeno curioso.
Ninguém sabe afirmar o exato momento em que se começa a falar, isso porque a aquisição dessa habilidade é lenta, progressiva e contínua.
Em vista disso, uma referência muito utilizada são os registros das primeiras palavras.
A variação de tempo para o aparecimento da fala depende de uma série de fatores interdependentes.
Dois grandes fatores são a interação entre o corpo (corpo e cérebro) e o contexto ambiental (todos os estímulos externos).
Já sabemos que essa não é uma ciência exata, mas é evidente que é possível intervir em pelo menos um desses fatores.
É importante frisar que os pais não precisam ensinar a criança a falar, a própria convivência garantirá a elas o impulso necessário para isso.
A estimulação, ou a falta dela, pode antecipar ou atrasar o surgimento dessa habilidade, mas não será determinante nos casos em que ela não surja.
Excetuando problemas de saúde ou transtornos conhecidos, os pais podem realizar simples modificações na interação com os filhos como forma de incentivo.
É comum ver que no período de transição as crianças conseguem se virar bem com a linguagem não verbal por esta ter sido, até então, algo que lhes foi muito útil e eficaz.
Sabendo que o cérebro precisa dar saltos de qualidade para atingir níveis de maturidade maiores, em linhas gerais, entende-se que uma criança não se esforçará tanto para “pedir falando” algo que quiser se ela sempre consegue “apontando com o dedo”.
Mudar os hábitos na interação com elas pode ser um pouco penoso no início mas costuma acelerar a fala comunicativa.
Em se tratando de interação, pesquisas recentes afirmam que a exposição excessiva de equipamentos como celular e TV podem ter relação com o atraso na fala.
Mesmo que o conteúdo se constitua de personagens conversando entre si, isso não faz surgir uma relação TV-bebê.
A diferença crucial para a interação humana é que na relação com outro adulto a criança é diretamente intimada a falar.
Assistir é uma tarefa passiva, gastamos pouca energia para isso.
O cérebro precisa de desafios como as trocas sociais entre mãe-bebê de forma constante para atingir níveis esperados de maturidade.
Para os casos mais específicos, a ajuda profissional deve ser sempre buscada para esclarecimentos.