O dia de Natal é uma festa cristã desde o século III e é comemorada tanto por cristãos como por não cristãos.
Penso haver no mínimo duas formas distintas de compreendê-lo.
Uma delas é a da criança, aquela que nós fomos ou as que estão entre nós.
A outra é a dos adultos.
A diferença imediata é a da fantasia infantil que pinta a data com toda a magia e encanto, da ingênua crença na figura do velho Noel, passando pela desconfiança que possam ser bons velhinhos disfarçados, até a certeza de um autoengano, sem perder a sensibilidade do espírito natalino.
A outra é a dos adultos.
A diferença imediata é a da fantasia infantil que pinta a data com toda a magia e encanto, da ingênua crença na figura do velho Noel, passando pela desconfiança que possam ser bons velhinhos disfarçados, até a certeza de um autoengano, sem perder a sensibilidade do espírito natalino.
Esse que vos escreve tem boas lembranças dos natais de sua infância.
A casa cheia, a ceia feita bem tarde, as luzes, músicas, arvores, arranjos e até fogos de artifício.
Tudo aguardado com grande expectativa e acompanhado de sensação mágica.
Por ser criança, os presentes também eram bastante esperados, mas curiosamente não consigo me lembrar de nenhum deles.
O fim desse período trazia um gosto perene de “quero mais” e um longo novo ano de espera para que pudesse ver esse ciclo recomeçar.
Hoje não consigo mais sentir o encanto, salvo quando as memórias me invadem e me ajudam a perceber que é possível olhar as coisas de uma maneira diferente.
A mudança desse prisma a respeito do Natal não é exclusividade.
Muitos adultos deixaram de senti-lo de alguma forma especial e particular.
As razões são inúmeras:
- o estresse e cansaço de um ano todo de trabalho;
- os deveres financeiros e a falta de dinheiro;
- o balanço que se costuma fazer ao término do ano;
- a provável percepção de que não conseguimos atingir determinados objetivos, o que é mais comum;
- Sem contar os que se deprimem por questões familiares ou pessoais.
Não sentir mais a tal da magia não seria um problema, mas há um risco de que estejamos transformando esses momentos em meras ocasiões de consumo e isso incide sobretudo para as crianças ao nosso redor.
Muitas delas já sabem o presente que desejam receber vários meses antes do dia chegar.
O amadurecimento em direção a idade adulta nos prepara para a vida.
Mas nesse período, onde está nossa capacidade de ver o mundo com os olhos de criança?
Ao invés de ver todo o significado natalino esvaziar-se por complicações e durezas do cotidiano ou encará-lo como banal ocasião para troca de presentes, coloquemo-nos nos olhos da criança e nos esforcemos para ver, nos detalhes, a magia do encontro ao enfeite e de poder dar a isso tudo um sentido próprio.
Janus Korczak, pedagogo polonês, escreveu sobre como os adultos amadurecem demais os seus olhares e perdem completamente a docilidade e a sutileza do olhar infantil para as coisas todas da vida, distanciando-se delas e de seu mundo.
Talvez um bom começo para os adultos seja esforçar-se nessa tarefa de se encantar novamente e experimentar um presente dado a todos aqueles que conseguirem acreditar; a de que podemos recomeçar.