No bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, um rapaz escreve cartas para uma jovem que conheceu numa pequena cidade de interior. Escreve sempre no início da madrugada. As respostas que recebe da garota relatam breves detalhes do dia.
Frederico e Júlia, que pertencem a mundos e realidades diferentes, trocam correspondências ao longo das 128 páginas que compõe o romance Perfume de alfazema e algumas confissões perdidas, de Zeca Corrêa Leite.
Não há precisão de datas quando as cartas foram escritas. Percebe-se, porém que a época gira em meados dos anos de 1940 ou 1950. Tempo em que as viagens eram de trem, a diversão era o rádio, Carmen Miranda era das grandes estrelas da época e um bonde quebrava o silêncio noturno quando passava em frente à casa do insone Frederico.
“Pequenos elementos para dar deia da época em que os personagens estão inseridos”, explica Zeca. “Enquanto Frederico deixa o escritório e vai a bares, Júlia movimenta-se durante o dia. Seus elementos são outros: novela que ouve no rádio, bolo de fubá no café da tarde, dias de sol e chuva. Raramente aparece um circo na cidade”, completa.
Já no início do livro, numa das primeiras cartas Júlia confessa:
“Nunca vi o mar, dizem que é um mundaréu de águas. Você tem o mar tão perto, como uma felicidade colocada à porta. Eu tenho estradas, campos e montanhas, que vejo ao longe, distantes, como se abraçassem silêncios”.
Romance epistolar
Perfume de alfazema e algumas confissões perdidas é um romance epistolar, na definição do autor. Ele surgiu a convite da produtora cultural Monica Drummond e da professora de História das Artes Rosemeire Odahara que queriam produzir um livro com cartas e envelopes em suas páginas. Há várias publicações semelhantes.
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A sugestão foi dada ao Zeca Leite durante um almoço. Num momento em que Monica e Rosemeire levantaram-se para cumprimentar um amigo, Zeca fixou-se na imagem de um lugarejo com ruas de terra, terrenos baldios e ventania. A essa cena havia o perfume de alfazemas. “Surgiu o título nesse instante, mas a trama viria mais tarde por gentileza de Júlia e Frederico. Eles permitiram-me ler suas cartas”, diz.
O texto não é recente, mas durante sua elaboração Zeca afirma que viveu “nem lá nem cá”, envolvido com o casal. “Estava trabalhando como free-lancer durante o dia, escrevia à noite. Como tinha uma hora de almoço, almoçava em meio às cartas que os amantes trocavam entre si. Foi um tempo mágico.”
Para driblar o cabeçalho que era obrigatório em toda carta – continua sendo – com local e data no alto da página, Zeca valeu-se da “petulância” de Júlia para colocar frases soltas em seu lugar.
No início da primeira carta Júlia explica ao amigo: “Se me ocupasse com as etiquetas e me obrigasse ao tradicional ‘pego na pena para lhe escrever’, garanto que não seria eu a autora da carta”. No lugar do cabeçalho ela colocou: “um dia assim, não sei de que jeito…”
Frederico surpreende-se com a narrativa. “Como pode uma jovem tímida e de poucas palavras escrever com tanta desenvoltura e criar formas de correspondências inusitadas?” Segue seu exemplo ao escrever: “silêncio, o som mecânico do bonde”.
Segundo seu autor, o romance é um convite para a leitura de velhas cartas que estariam repousando numa caixa, razão pela qual o livro vem acondicionado numa, inclusive com fita enfeixando o volume. O projeto gráfico – primoroso – é de Adriana Alegria.
A edição da obra contou com a chancela do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de Curitiba, incentivo cultural da Esfera Informática, V.Weiss Logística e Transportes, Opus Múltipla, Cartrom Embalagens e apoio do escritório Cultural Office.
O autor
Zeca Corrêa Leite, jornalista, escritor, poeta é sorocabano radicado em Curitiba desde os anos de 1970. Trabalhou em assessorias de imprensa, no jornal Folha de Londrina por quase duas décadas, que o projetou em todo o Paraná.
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Recebeu prêmio de melhor jornalista cultural e como autor da peça “Quinhentas Vozes” conquistou o troféu Governador do Estado – Gralha Azul. Teve reportagens publicadas na revista IstoÉ, Manchete e manteve um espaço fixo na Vejinha Paraná, suplemento que era encartado na revista Veja. Participou de diversas antologias, a exemplo de “Feiticeiro inventor”, “Sala 17”, “Antologia da nova poesia brasileira”. Tem vários livros publicados, entre eles “Domingo, José vai à festa”, “Lendas das Águas”, “O velho e alguns escritos”.
Devido à pandemia Perfume de alfazema e algumas confissões perdidas está sendo vendido pelos seguintes canais:
– Wattsapp: (041) 99243-9264. O valor do livro é de R$ 40,00 + R$ 11,00 (taxa de correio), sendo o pagamento efetuado em conta bancária.
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R$ 40,00 + R$ 11,00 (taxa de correio)
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R$ 40,00 + R$ 11,00 (taxa de correio)