Com o aumento expressivo do uso de redes sociais no país, multiplicou-se também uma reclamação que era restrita a poucas pessoas; a procrastinação. Ela é a prática de adiar a realização de tarefas importantes (às vezes difíceis e demoradas) em troca de algo mais imediato.
O uso das redes sociais tem sido a atividade preferida para procrastinadores pois os aparelhos celulares estão sempre à mão, com conteúdo de seu próprio interesse e, graças ao “feed”, em quantidade inesgotável.
Ao fazer essa comparação é fácil notar para onde estaria indo o tempo que vem faltando para as atividades importantes e a solução para isso parece simples; deixar o celular de lado.
Ocorre que para algumas pessoas, ficar sem verificar os aplicativos preferidos por um único dia pode ser uma fonte de ansiedade, esse fenômeno é conhecido como FOMO, sigla em inglês para “fear of missing out”, algo como medo de ficar por fora.
Isso porque nas redes sociais existe essa sensação de que muitas coisas importantes e interessantes estão ocorrendo a todo instante e deixar de visualizá-las traria a impressão de não estar vivendo ou acompanhando tudo o que se passa.
Em casos extremos os indivíduos não conseguem avançar com pequenas tarefas sem checar o celular várias vezes. Para a maior parte de nós a preocupação é que o aumento da quantidade navegando pelos apps não foi percebida ao longo dos últimos anos.
Pesquisas recentes indicam que a média de tempo do brasileiro é uma das maiores em relação a outros países e em 2022 já ultrapassa 5 horas por dia.
Essa prática pode ser responsável por silenciosas modificações em nosso funcionamento cerebral, mais especificamente no que é conhecido como Sistema de Recompensa.
A navegação pelos aplicativos é fácil, não exige esforço mental, soma-se a isso o fato de que os conteúdos visualizados nos garantem uma sensação de prazer, que é a recompensa que o cérebro produz em dopamina.
O problema é que ao longo do tempo mais conteúdo precisará ser visualizado para que a mesma sensação possa ser mantida. Por outro lado, o esforço para a realização de tarefas importantes costuma ser muito maior e o prazer da recompensa menor, e não por acaso essa característica está presente nas tarefas que mais costumamos adiar.
Ou seja, é provável que o uso exagerado de celular esteja nos tornando viciados em uma espécie de prazer rápido e barato, o que favorece a diminuição de disposição necessária para o foco das demais atividades.
Se esse é o seu caso, experimente reduzir o uso aos poucos, acompanhe o relatório de horas diárias que os próprios aparelhos oferecem e trace metas de tempo.
Quando conseguir diminuir, reserve um horário fixo para navegar e respeite esse limite. Por fim, aproveite para se questionar sobre a qualidade e utilidade do que costuma consumir.
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