Aquiles foi um honrado guerreiro grego, a mitologia o descreve resistente e forte como ninguém e muito temido por sua fúria. A invulnerabilidade e coragem eram sua marca.
Mas olhando pela ótica do autoconhecimento, o enxergamos como um ignorante.
A tragédia de Aquiles era desconhecer seu ponto fraco, vindo a descobrir somente no auge da batalha mais importante.
Morrer flechado no calcanhar não é motivo de vergonha, mas imagina-se que se isso não fosse oculto, talvez poderia ter estendido sua glória por muitos anos mais.
Temos muitas características que nos fazem lembrar Aquiles. Ignoramos nossas fraquezas, escondendo-as dos “inimigos” e também de nós mesmos, seja de maneira intencional ou por dificuldade para identificá-las.
Demonstramos fortalezas que não são reais porque o mundo decidiu que isso é bom e que vulnerabilidades não fazem parte de nossa constituição natural, são consideradas ruins e motivo de vergonha.
Essa compreensão quase universal faz surgir alguns padrões;
Indivíduos que não vão ao médico nunca, que resistem a tomar remédio para dor, que não permitem derramar uma lágrima sequer, que não desabafam com as pessoas que confiam, que acham que terapias são para os loucos, que não pedem ou não aceitam ajuda, que pensam não precisar diminuir o ritmo de trabalho e tantas outras manifestações de força aparente.
Mas mesmo esses tipos mais duros possuem seu modo de expressar um ponto fraco e conseguir pedir ajuda, ainda que muitas vezes ela surja numa estreita fenda no tempo e no espaço.
Por muitos anos acreditei que eu fosse sempre igual, estável e constante como uma máquina.
Um tempo atrás, num ano com excesso de trabalho, me sentia “bem como sempre”, mas passei a perceber leves e insistentes pontadas de dor de cabeça no fim do ano.
Numa consulta médica ouvi que se tratava de estresse, e embora tivesse saído incomodado, não pude contrariar: o primeiro dia de férias fez a dor desaparecer.
Hoje sei como e quando meu cansaço se manifesta, também posso atenuar ou até evitar os sintomas associados a ele. Nessa situação o corpo deu sinal e houve quem o interpretasse.
Mas o desafio definitivo foi encarar a destruição do mito pessoal de ser muito constante e inabalável psicologicamente, já que por um tempo grande fui encantado por essa ilusão, chegando a vender essa imagem a pessoas ao redor.
Se por um lado deixei de lado aquela boa impressão que cultivava de mim, por outro ganhei um vislumbre inédito de meus limites mais verdadeiros, o que me permite usá-los para uma melhor qualidade de vida. Aprender sobre nosso mapa interior não é simples.
Ainda que quisesse, Aquiles não teria conseguido descobrir a si mesmo sozinho.
E é provável que por ser um misto divindade e humano, parte dele rejeitaria a verdade sobre seu calcanhar.
Aos que se julgam inabaláveis fortalezas como Aquiles, lembrem-se: é só um mito.
Quais são seus limites?
Lenda de Aquiles
Na “Odisseia”, Homero descreve Aquiles como o mais valoroso guerreiro grego, filho da deusa Tétis e do rei Peleu. Criado pelo centauro Quíron, Aquiles foi imortalizado por Tétis ao ser mergulhado no rio Estige, mas seu calcanhar permaneceu vulnerável. Lutou na Guerra de Troia e conquistou doze cidades. Aquiles foi atingido por uma flecha no calcanhar, encontrando sua morte.
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