Ouve-se com muita frequência, entre pais, professoras e cuidadoras, a respeito de uma fase difícil na vida de uma criança. Ela costuma ser reconhecida como a adolescência infantil. O nome composto advém da má fama que esses dois períodos da vida carregam.
O uso emprestado do termo não representa uma comparação fiel, pois enquanto o período difícil da adolescência possui múltiplos fatores, a fase infantil considerada mais complicada de se lidar (por volta dos 2 aos 3 anos de idade) tem razões mais simples, girando em torno de dificuldade de compreensão e controle comportamental.
Esse período também é conhecido sob o nome de “terrível dois” e é marcado por um descompasso. Isso ocorre porque a criança está em pleno desenvolvimento em diversas competências e algumas evoluem muito rapidamente, como a linguagem e certa autonomia de pensamento e movimentos corporais.
Essa combinação de fatores resulta em uma multiplicação de interesses e desejos dos pequenos. Se ao nascer o bebê possui poucas necessidades, (mamar, dormir e receber afeto) ao adentrar a idade de 2 anos ele já acumula inúmeros outros gostos e intenções mais autônomas e particulares.
Por outro lado, algumas outras habilidades surgem muito lentamente e ainda levarão certo tempo para amadurecer, como a compreensão de normas sociais e a administração e a noção de tempo.
A cena é muito comum; a criança deseja possuir algum objeto ou ir a algum lugar e os pais não permitem ou prometem para outro dia. Esse momento costuma ser marcado por choros e birras, que são as formas dos pequenos comunicarem seus incômodos.
Esses eventos são descompassos entre as múltiplas manifestações impulsivas de vontades e desejos, aliados com a expectativa de conseguirem o que querem, somados com a pouca capacidade de compreensão e controle. É uma fase onde a criança parece uma “máquina de vontades sem freio”.
Compreender essa etapa do processo de crescimento dá certa vantagem aos pais. Uma maneira de torná-la menos conflituosa é investir nas explicações de como as coisas funcionam, antecipando a fase dos porquês ao dar contínuas informações para a criança desenvolver bem a percepção de que não se pode ter tudo a qualquer hora.
Essa intervenção terá grande valor se evitarmos realizá-la apenas nas situações de crise de choro e birra e passarmos a praticar em todos os outros momentos com a criança, tornando-a uma prática constante.
Outra tarefa fundamental dos pais é a implementação de uma rotina em casa, isso garantirá maior chance de aceitação e adaptação de atividades importantes no dia a dia dos pequenos.
Por fim, fazer lembrar que uma fase difícil passará e fará surgir outra mais tranquila pode nos trazer a coragem e a paciência necessárias para enfrentar os desafios.
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