Mães costumam perguntar e se questionar muito sobre a árdua tarefa da educação de seus filhos.
Quando essas dúvidas ansiosas são destinadas aos especialistas, elas escondem uma esperança falsa, a de que existe um jeito certo de educar.
Nunca é exagero nos lembrar que o ser humano é, na melhor das hipóteses, imperfeito.
A ideia de que existe um ideal é importante para que saibamos qual caminho tomar na empreitada do cuidado com os filhos, mas esse ideal nunca se alcança.
A importância de tratar isso como um fato garante certo antídoto para sentimento de culpa nos pais.
A Educação é, de modo geral, um esforço contínuo de adultos para preparar crianças para a vida em sociedade.
A existência de dúvidas e dificuldades em relação a essa atividade é natural, mas é inegável que elas aumentaram muito desde o início da pandemia no Brasil.
Para a esmagadora maioria de famílias, o cuidado com os filhos – agora em período integral- somou-se a outras responsabilidades domésticas e profissionais, sem contar o medo relacionado ao vírus em si, que nos espreita em maior ou menor grau.
Para esse contexto, o conceito de “mãe suficientemente boa” desenvolvido por Winnicott, um psiquiatra e psicanalista inglês do século passado, parece nos ser muito útil.
A essência resumida de seu trabalho gira em torno de uma mãe ou um pai que, por serem seres humanos passíveis de imperfeições, erram e acertam na mão quando o assunto é a educação de seus pequenos.
A variação entre presenças e ausências dos pais, (podendo considerá-las como erros e acertos no exercício da educação e cuidados), pare ele, seria o melhor dos mundos na relação entre pais e filhos.
Uma posição possível e real de ser assumida, um espaço intermediário entre o suposto jeito certo e o jeito errado de educar.
Trago esse exemplo para tocar imediatamente pais que estejam sentindo dificuldades em lidar com os filhos em casa.
O cenário pandêmico mudou as regras do jogo. Para muitas famílias, sobreviver ou passar por esse período sem sofrer muitos danos se tornou o objetivo de curto ou médio prazo mais importante.
Não dá pra atingir a perfeição no trato com os filhos, nunca deu, tampouco agora. Para todos os efeitos, com seus altos e baixos, pais e mães se tornam, hoje, verdadeiros super-heróis.
Para finalizar, lembro que a dinâmica da educação é definida por forças antagônicas.
A criança costuma ter curiosidades e energia suficientes para abraçar seu mundo ao redor de uma vez só, os pais, por outro lado, devem impor os limites naturais para o desejo de seus filhos.
Essa configuração faz com que, em geral, não existam crianças “fáceis”, pois elas estão sempre no limite daquilo que podem e desejam descobrir ou realizar.
Para alguns, as crianças são bagunceiras demais ou muito mal-educadas, mas a verdade é que são tão somente indivíduos ávidos para viver.