São duas das maiores urgências para o ano novo. Como o governo central prefere negar a pandemia, e não enfrentar o problema, o que cada um de nós pode fazer?
O difícil ano de 2020 termina trazendo para 2021 uma esperança: a de que, enfim, temos vacina contra o novo coronavírus.
Melhor ainda: há várias opções de imunizantes sendo desenvolvidos em todo mundo, na fase final de testes, e prontos para começarem a ser distribuídos e aplicados.
Pelo menos duas vacinas têm, inclusive, a participação direta de instituições brasileiras públicas – a Coronavac, pelo Instituto Butantan, e a de Oxford/Astrazeneca, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A vacinação representa a expectativa de que, gradativamente, vamos superar uma grave crise de saúde que adoeceu o planeta inteiro, a da pandemia de covid-19.
Superando a pandemia, o mundo – e o Brasil incluído – pode pensar em recuperar minimamente sua economia.
A retomada econômica, contundo, vai depender também de medidas nessa área, ou seja, na economia.
Na verdade, medidas nesse sentido já deveriam estar sendo tomadas desde o começo da pandemia, em março.
Para que o isolamento social, indispensável para enfrentarmos o problema de saúde, pudesse ter ocorrido para valer, o governo brasileiro deveria ter promovido ações voltadas sobretudo para as micro, pequenas e médias empresas – tanto ações diretas como outras articuladas com governos estaduais e municipais.
As medidas aplicadas (linhas de crédito e subsídio dos salários dos funcionários) foram muito irrisórias. Tiveram pouco alcance, foram muito burocráticas.
O resultado a gente vê percorrendo ruas e bairros de Curitiba: negócios tradicionais fechando as portas, imóveis sendo desocupados e aqueles pequenos empreendimentos que sobrevivem estão com a corda no pescoço.
O povo, todos nós, precisamos da vacina. Os pequenos negócios, de um fortificante.
Para se reerguerem e continuarem gerando emprego, renda e desenvolvimento local.
Não podemos iludir você, leitor, leitora. É nossa obrigação alertar: a julgar pelo comportamento das autoridades de Brasília, demoraremos a ter a vacina por aqui.
Estão aí as declarações do presidente da República e do ministro da Saúde botando entraves. Desde o começo, em vez de enfrentar a pandemia, o governo brasileiro preferiu negar.
Os dois países que negaram a pandemia – Brasil e Estados Unidos – são os líderes em número de casos, mortes, taxa de letalidade, de transmissão, de colapso nos sistemas de saúde.
No campo econômico, os posicionamentos do governo também não são favoráveis ao micro, pequeno e médio comerciante ou prestador de serviços.
Lembram daquela reunião ministerial de 22 de abril, cujo vídeo vazou em maio? Em alto e bom tom o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que ia dar recursos para “salvar grandes companhias” e não “perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”.
São constatações que precisam ser lembradas, e não só como mera crítica ao governo. Sim para que entendamos bem a situação e procuremos alternativas, saídas.
Reclamar faz bem para aliviarmos de nossas angústias, mas não basta para dar fim aos problemas.
O que fazer, então, se das autoridades competentes está difícil esperar algo em favor do povo, principalmente daqueles que mais precisam?
As autoridades não vão fazer nada se não forem cobradas.
Mas, havendo pressão, alguma coisa sai.
É importante então os trabalhadores empregados e os desempregados, os microempreendedores individuais, os pequenos comerciantes e prestadores de serviços, o micro e o médio empresário, os estudantes, as donas de casa, todos procurarmos nossos direitos.
Procurarmos nossos representantes vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores. Procurarmos as entidades de classe – sindicatos, associações.
Exigir de todas essas figuras mobilização e pressão por medidas efetivas.
E continuarmos fazendo nossa parte – usando máscara, evitando aglomerações, encontros, reuniões e saídas supérfluas. Não dando ouvidos a fake news e a discurso de ódio.
Parece pouco.
Não é o suficiente, mas é muito.
Fazendo bem nossa parte, teremos força para exigir vacina para o povo.
E vitamina para os pequenos negócios.